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Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025

Saúde

Ansiedade: o mal silencioso da era da pressa

Confira a coluna Psicologia para o Dia a Dia, por Renato Mota

Fabio Jr Prates
Por Fabio Jr Prates
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Ansiedade: o mal silencioso da era da pressa
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Vivemos em uma era marcada pela pressa. Tudo precisa ser feito rapidamente, responder mensagens, produzir resultados, alcançar metas, demonstrar sucesso. A velocidade se tornou o novo padrão de eficiência, e o silêncio, quase um ato de rebeldia. Nesse cenário hiperconectado e competitivo, um sentimento vem se tornando cada vez mais presente, quase onipresente: a ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está entre os países com maiores índices de transtornos ansiosos do planeta. São milhões de pessoas convivendo diariamente com a inquietação, a insônia, o medo do futuro e a sensação de que nunca estão fazendo o suficiente. A ansiedade, que em níveis normais é uma resposta natural do corpo diante de situações de alerta, tem se transformado em um estado crônico de sofrimento e, o mais preocupante, em algo quase normalizado.

Mas por que estamos tão ansiosos?
A resposta é complexa, multifatorial, e atravessa tanto o indivíduo quanto a sociedade. O ritmo acelerado de vida é um dos principais gatilhos. Vivemos sob a lógica da produtividade constante, precisamos ser eficientes, atualizados, conectados, multifuncionais. O descanso se tornou sinônimo de preguiça, e a pausa, de perda de tempo. Esse modo de viver, sustentado por uma cultura que valoriza o “fazer” mais do que o “ser”, cria um terreno fértil para a ansiedade se instalar.

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As redes sociais intensificam essa sensação. Elas não apenas conectam, mas comparam.

Todos parecem mais felizes, bem-sucedidos e seguros de si, o que reforça a ideia de que estamos sempre ficando para trás. A exposição contínua à vida idealizada dos outros provoca um estado de insatisfação permanente, uma espécie de corrida invisível em busca de uma perfeição que não existe. O resultado é o aumento da autocrítica, do medo de falhar e da sensação de inadequação.

Há ainda o peso da instabilidade social e econômica. Vivemos tempos de incerteza, desemprego, mudanças rápidas no mercado de trabalho e sobrecarga de informações. A insegurança financeira e o medo do futuro aumentam a vulnerabilidade emocional. Além disso, a pandemia da COVID-19 intensificou sentimentos de isolamento e esgotamento, deixando sequelas emocionais que ainda estamos aprendendo a reconhecer.

Do ponto de vista clínico, a ansiedade é resultado de uma hiperativação do sistema de alerta do cérebro. É como se o corpo estivesse constantemente se preparando para um perigo que nunca chega. Essa resposta, quando prolongada, leva ao desgaste físico e mental. É comum que sintomas como insônia, taquicardia, irritabilidade, tensão muscular e dificuldade de concentração acompanhem esse quadro.

Mas a ansiedade não é apenas uma questão individual é também um sintoma social. Vivemos em uma estrutura que alimenta a pressa, o medo de ficar para trás e a necessidade de corresponder a expectativas externas. É uma cultura que nos ensina a correr, mas raramente a parar.

É preciso falar sobre isso com seriedade e empatia. Buscar ajuda psicológica ainda é, para muitos, um ato cercado de preconceitos, como se admitir fragilidade fosse sinal de fraqueza. Pelo contrário: reconhecer a necessidade de cuidado é um gesto de coragem e maturidade. Terapia, meditação, atividade física, boa alimentação, tempo offline e momentos de ócio criativo não são modismos são ferramentas reais para desacelerar a mente e reencontrar o equilíbrio.

O mundo moderno nos prometeu liberdade, mas muitas vezes nos aprisiona em um ciclo de urgência e comparação. O primeiro passo para romper esse ciclo talvez seja aceitar que não precisamos estar bem o tempo todo. Que sentir medo, cansaço e dúvida faz parte da experiência humana.

A ansiedade é o reflexo de um tempo que perdeu o compasso entre o que é essencial e o que é imediato. Aprender a desacelerar é, hoje, um ato de resistência e também de cura. Porque, no fim, o que mais nos falta não é tempo, mas presença.

FONTE/CRÉDITOS: Renato Mota
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Fabio Jr Prates

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Fabio Jr Prates

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