O Cruzeiro afirmou à Justiça de Minas Gerais que possui uma dívida total de R$ 815,8 milhões, enfrentando um risco de colapso financeiro imediato. A declaração foi dada em litígio com uma ex-atleta do time feminino, em processo que corre em sigilo. O clube anexou documentos que corroboram a situação caótica. No caso, o Cruzeiro tenta conseguir Justiça gratuita na ação, já que não tem dinheiro para arcar com as custas processuais. Assim, munido de documentos, fala que contratou uma auditoria independente que constatou dívidas de R$ 118 milhões em empréstimos e financiamentos, mais R$ 242 milhões em obrigações fiscais e R$ 140 milhões em débitos trabalhistas.
Ainda existem outros R$ 135 milhões em contas para pagar, R$ 167 milhões em provisões para contingencias trabalhistas e cíveis, R$ 11 milhões a fornecedores, além de outros valores menores. O Cruzeiro afirma que Ronaldo, que comprou 90% das ações do clube, pagou R$ 22 milhões em dívidas contraídas com outros times, razão pela qual não seria razoável o clube pagar com as despesas do processo. "Os valores extremamente alarmantes correspondem a apenas uma parcela das dívidas perante a Fifa. Os R$ 22 milhões foram prontamente despendidos para que o Cruzeiro continuasse operando. Ocorre que tal aporte é irrisório diante do colapso financeiro iminente", afirmou o Cruzeiro.
O clube ainda fala em fluxo de caixa irregular, com receitas incertas e custos fixos elevados. Assim, qualquer decisão judicial que fizesse a agremiação ter novos gastos poderia impedir o prosseguimento das atividades do Cruzeiro, o que causaria prejuízos a torcedores, jogadores, credores e funcionários. Recentemente, o UOL Esporte revelou uma carta elaborada pela Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do clube onde o órgão classifica o negócio com Ronaldo como "lesivo" ao clube mineiro. Isso ocorreu após a descoberta de que as dívidas da associação Cruzeiro - na ordem de R$ 1 bilhão -, não seriam assumidas pela SAF.
O principal ponto polêmico, entretanto, é o fato de que, de acordo com o documento divulgado pelos conselheiros, apenas R$ 50 milhões do aporte anunciado de R$ 400 milhões devem sair de um investimento de Ronaldo. Os outros R$ 350 milhões seriam investidos por meio de receitas geradas para a SAF por meio da gestão de Ronaldo, como aumento do valor de patrocínio, direitos de transmissão e venda de jogadores, por exemplo. Essas receitas, chamadas de "incrementais", são as que excederam a média de arrecadação do clube nos últimos quatro anos, de 2017 a 2021. Em outras palavras, a maior parte do investimento de Ronaldo para se tornar controlador da SAF viria das receitas da própria SAF, desde que aumentadas pela gestão do ex-jogador.